Existem muitos sentimentos guardados que nos aprisionam. Sentimentos que estão diante de nossos olhos, por nossos olhos. Escondemos nossos demônios, “escondemos-nós”. Apagamos nossa luz. Afinal, no escuro, vivemos melhor. Escondidos na procura incessante do “autoconhecimento”, fechamos os olhos para o que já sabemos. Óhh triste sina saber demais! É no escuro daqui de dentro, pelo contrário, que fujo de meus “fantasmas”. Encará-los, atravessá-los muitas vezes me prende aos outros. Peço ajuda, me escoro nas paredes, tropeço e quando acendem as luzes, fica escuro aqui dentro. A ajuda que peço é, simplesmente, egoísmo. Quero a luz do outro para me enxergar. Do outro para mim! Com seus olhos ludibriados, gozo de um “eu-ausente”. Não quero ver por meus próprios olhos quem sou, já que me conheço. É assustador conhecer-me! Não quero que os outros me desmascarem, por isso, prefiro que me definam. Peço licença, aprovação e assim evito envergonhar-me. Nem de perto saberão o que estão por trás dos meus olhos. Sinto-me seguro quanto a isso. Assim, vou me adequando e, consequentemente, me escondendo de mim. Tranco os olhos e jogo a chave fora. Viver assim é mais fácil, confesso. Mas chegará um dia em que os parênteses feitos em minha vida cairão e toda construção ilusória feita sobre mim não será a meu favor. Me depararei com meus fantasmas e não haverá saída. De frente enfrentarei a pseudoverdade alheia e o real batendo em minha porta. Seria mais fácil demolir a imagem que construíram de mim? Tarde demais! Na ânsia de me esconder, pois sabia muito bem onde estava, colhi os frutos dos anos a fio. Mas nunca é tarde, foi o que me disse. Mas agora as cartas estão na mesa, as regras do jogo claras e os fantasmas estão postos. Resta-me apenas enfrentar-me. Desmascarei-me e você conseguirá?
Paulo Bandeira
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