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Foto do escritorPaulo Bandeira

Gozo, mas gozo muito!


Infelizmente este quadro é cada vez mais comum nesta pandemia. A aposta do agravamento de sintomas depressivos não é uma boa notícia. Herdaremos uma geração que, mais do que nunca, precisará do processo de análise. No entanto, fruto de uma Cultura da negligência da saúde mental, as pessoas preferem dar prioridade para outras necessidades que consideram mais “urgentes”. A pandemia nos trouxe a concentração do gozo no ambiente doméstico. Quais as consequências disso? Pergunta que será respondida quando isso tudo passar. Mas, adiantemos, o cenário social será mudado radicalmente. Por meio de uma observação cotidiana, podemos observar como as pessoas estão cada vez mais intolerantes do trânsito, um aumento significativo dos casos de violência doméstica e nos números de feminicídios. O refúgio nas redes sociais e no uso exacerbado das tecnologias da informação não é algo que surgiu na pandemia, mas tenhamos certeza que nosso confinamento mergulhou o sujeito na autonomia do gozo. A identidade do sujeito e a construção de sua autoestima depende, cada vez mais, da necessidade de aprovação nas redes sociais. Quando não há contrapartida, o processo de sofrimento mental intensifica-se e isso impossibilita o sujeito elaborar novos significantes para sua vivência e construção identitária de gozo que vai além ao imediatismo de uma “curtida”, ou ampla divulgação e chancela de sua pseudo-felicidade. Percebemos qual excesso nesta intensificação desmedida do gozo. Pronto para localizar seus excessos, enfrentando as desconstruções dos restos de que lhes faltam?


Paulo Bandeira


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