O amor é recíproco não porque o outro nos ama na mesma medida. O amor é recíproco porque retorna, pelo outro, numa busca constante por algo cujo interesse é o outro e vice-versa. Visto assim construção-desconstrução-construção invade nossas relações a ponto de as definirmos como um emaranhado de desencontros. Por que estranhamos o desmonte de um amor romântico claro e que nos causa ânsia, desde a escolha até o encontro do nosso objeto idealizado? Encontrar 'no' outro, ou 'o' outro resulta no fim da trajetória. O que é mais enigmático e desafiador do que não encontrar em nossos encontros? Alimentar uma relação faminta nutre nossa rasa demanda de um objetivo marcado pela saciedade.
O psicanalista Jacques- Allain Miller nos diz sobre a impossibilidade do amor já que "os amantes estão, de fato, condenados a aprender indefinidamente a língua do outro, tateando, buscando as chaves, sempre revogáveis. O amor é um labirinto de mal entendidos onde a saída não existe."
Tenho uma notícia ruim e outra boa, para aqueles que buscam um grande amor: a ruim é que você nunca o encontrará e a boa é que 'perdidos' na busca encontramos o que é mais próximo de um amor real, palpável e, aí sim, inquestionável.
Paulo Bandeira
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